Setembro Amarelo, o mês de prevenção ao suicídio
Ainda existem muitos temas que são considerados tabus em nossa sociedade. O suicídio é um deles. A maioria das pessoas ainda acredita que, para não incentivar o ato, o melhor é não falar sobre ele. Foi a partir da necessidade de derrubar essa crença que surgiu o movimento Setembro Amarelo.
Desde 2015, o Brasil apoia o movimento, que acontece com mais força em setembro, mês mundial de prevenção ao suicídio. O Setembro Amarelo surgiu com o intuito de dar visibilidade à temática do autoextermínio e, dessa maneira, discutir os preconceitos e a desinformação que rondam o tema.
O que é o Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Nascida da ideia de pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas resoluções e, assim, dar mais visibilidade à causa. De tal forma, Foi criado em 2015, no Brasil, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Diversas instituições públicas e privadas e a população em geral, ao longo dos anos, têm apoiado o movimento. Elas passaram a reconhecer e a disseminar a importância de discutir o assunto e, consequentemente, desmitificar crenças. Assim, passaram também a divulgar maneiras corretas e efetivas de dar assistência àqueles que precisam.
Desde então, vemos no país e no mundo ações acontecendo na rua, caminhadas, iluminação de fachadas e monumentos, pessoas vestindo o amarelo. Tudo isso em prol da campanha.
O suicídio ainda é um tabu
Derivando, essencialmente, de um quadro depressivo, o suicídio pode ser causado por diversos gatilhos, tanto internos quanto externos. E ainda, mesmo que os índices e ocorrências sejam altos, o tema é considerado tabu e, consequentemente, evitado por muitas pessoas.
Por isso, mesmo que visto como uma forma de se livrar de vez de um problema que parece sem solução, a melhor maneira de prevenir o ato é detectar a intenção e agir a tempo.
Alguns números e informações sobre o suicídio
Todos os anos, no Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios, o que corresponde a uma média de 32 mortes diariamente. E mais de 1 milhão em todo o mundo. Ainda, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda e principal causa de morte entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Cerca de 96,8% dos casos estavam relacionados às pessoas acometidas por transtornos mentais, principalmente à depressão. Outro agravante é o abuso de substâncias, como o alcoolismo. Tais pessoas, enquanto nestas condições, passam por crises profundas e situações estressantes da vida. Dessa forma, elas enxergam o autoextermínio como alívio.
Entre os grupos de risco está também a população que se encontra em situação de vulnerabilidade social e/ou sofre de discriminação. Indígenas, refugiados e imigrantes, encarcerados, comunidade LGBTQI+ e outras minorias fazem parte dessas estatísticas.
Por que é importante falar sobre o suicídio?
Embora seja um assunto bastante delicado, é importante entender a importância de falar sobre o suicídio e as maneiras de preveni-lo. Muitas pessoas acreditam que esta é uma realidade distante e pouco recorrente, visto que poucos casos são divulgados na mídia. Porém, os números oficiais mostram o contrário.
Quando compreendemos que o suicídio e até sua cogitação é uma realidade no mundo e pode acometer pessoas próximas e queridas, fica mais fácil entender que é fundamental conversar a respeito. Logo, essas mortes e tentativas podem ser evitadas contanto que saibamos sobre seus sintomas, causas e maneiras de evitar.
Como prevenir o suicídio
Conversar sobre o assunto pode apresentar novos pontos de vista. Pode também alertar para a necessidade de tomar medidas drásticas para encontrar uma solução.
Por isso, família, amigos, escola, trabalho e sociedade como um todo têm um papel essencial na prevenção do ato. É preciso estar atento aos menores sinais, se dispor e se preparar para discutir o tema com a pessoa.
O que não falar
Os clichês que rondam o assunto devem ser evitados e esclarecidos. Portanto, frases como “ele/a está querendo chamar atenção“, “pense positivo“, e “quem pensa em suicídio tem a mente fraca”, podem piorar o sofrimento da pessoa e intensificar a vontade de se matar.
Quando a pessoa procura apoio e alguém para desabafar, é para ter um momento de compreensão e acolhimento. Não de repressão. E esta é a oportunidade de reverter o quadro e ajudar a pessoa que está nesta situação.
“O suicídio é o ato mais individual do ser humano. Contudo, como qualquer fenômeno humano, implica um entendimento bio e psicossocial. O isolamento, a sensação de desintegração social e de não pertencimento detêm um peso significativo na decisão suicida. Quando ajudadas a tempo, as pessoas podem entender que há outras formas de resolver as suas circunstâncias e que há quem se encontre empenhado em ajudá-las”, explica a psicóloga Elaine Di Sarno.
Ajuda efetiva contra o suicídio
O primeiro passo após perceber os sinais é conversar com a pessoa que intenciona se suicidar. A conversa aberta, livre de julgamentos e permitindo que a pessoa fale é um momento importante.
Precisamos, então, lembrar que a dor do outro e como ele lida com ela é diferente da nossa e jamais deve ser medida por meio de nossas vivências. Assim, escute mais e fale menos.
Mas, o mais importante neste momento é incentivar a pessoa a procurar ajuda especializada. Psicólogos e psiquiatras são profissionais preparados para lidarem com a situação e, assim, ajudar efetivamente a pessoa.
Busque ajuda
O CVV oferece atendimento voluntário e gratuito 24 horas a quem está com pensamentos suicidas ou passando por outros problemas. Eles atuam no apoio emocional e na prevenção do suicídio através do telefone 188 e também no e-mail, chat e pessoalmente, de acordo com sua preferência. Confira aqui.
O suicídio não pode ser uma alternativa. Falar é sempre a melhor solução.